quarta-feira, dezembro 26, 2007
segunda-feira, dezembro 10, 2007
segunda-feira, dezembro 03, 2007
sábado, dezembro 01, 2007
sexta-feira, novembro 30, 2007
Espiral
sábado, novembro 10, 2007
"Gosto muito de ti."
que eu perdoo-te as vezes que me fazes duvidar...
quarta-feira, outubro 17, 2007
"[...]tudo pode renascer"
Já é noite
e o chão é mais terra para nascer
A água vai escorrendo entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra entre o espaço que restou
para refazer a vida no que o medo não matou.
mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
Na tempestade que não há em ti
arrastei-me para o teu lugar
e é em ti que vou ficar.
[…]
Mas eu descobri a casa onde posso adormecer
eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
Aqui tudo é mais forte e há mais cor no céu maior
Aqui tudo é tão novo porque pode ser amor…
E onde tudo morre tudo volta a nascer
Já é dia e a luz está em tudo o que se vê
Cá dentro não se ouve o que lá fora faz chover
… na cidade que há em ti encontrei o meu lugar
e é em ti que vou ficar
Tiago Bettencourt
domingo, setembro 16, 2007
Ponto da situação
terça-feira, agosto 21, 2007
"Music was my first love... and it will be my last"
Silly season, silly things...
Não se sabe de que falar nestes meses de Verão, Agosto então é o suplício da falta de assunto. Sol na moleirinha e livros e músicas que nos tiram do lugar presente e nos colocam em qualquer outro lugar, talvez um inexistente ou um dentro de nós, um que nem sabíamos que tínhamos. Dei por mim a vagabundar na memória e achei por bem ser autobiográfica e dar, finalmente, neste blog que assino, algo de mim.
Fascinava-me encontrar algures na raiz da minha própria árvore genética o fio condutor que me ligava tão fortemente à música.
Quando, pela via da edição de livros, os que me rodeiam perceberam que escrevia (os outros conhecem sempre de nós uma parte amputada, apenas o pouco que lhes mostramos ou o que alguns, mais atentos, conseguem ler-nos nos olhos) se questionados sobre qual das sete artes escolheria como minha favorita, decerto arriscariam dizer Literatura (pois se é verdade que desde tenra idade martirizava papéis com a minha pobre caligrafia, posteriormente substituídos pela cantilena irritante das teclas da máquina campaínhando furiosamente a cada final de linha – abençoado computador que pôs cobro a esta poluição sonora! – e sempre me fazia acompanhar de livros para toda a parte, fossem eles “seis balas” ou Tolstoi…). Nada mais errado. A minha Arte de eleição é, sem duvida alguma, a música, sempre o foi, acredito que sempre o venha a ser. Quando nada me parece fazer sentido, sobrevém sempre a música. Quando me sobra a vontade de fugir ou morrer, a música parece ser a única coisa que resta, como uma sombra na canícula.
Daí que a descoberta do meu bisavô músico despertasse em mim este fascínio que era tanto maior pelo desconhecimento da personagem na vida real. Certo dia, em experiências com barro, moldei-lhe um busto, não o conhecendo e na ausência de uma imagem que o plasmasse resolvi desenhar-lhe uma risca ao lado, como o meu Pai, e plantei-lhe um bigode mais farto e robusto que o do meu Pai, sendo que lho arrebitei nas pontas dando-lhe um ar aristocrático, ajustado à época e ao ofício, achava eu. Mostrei-o depois ao meu Pai a saber se estava parecido com o original, ele disse-me que sim, não sei se para não me desfeitear se por ausência nele próprio de uma memória fidedigna do avô.
Muitos meses depois, já me não lembrava este episódio, éramos agora bastante mais próximos, entre aquele encontro e este que agora conto muita água correu sob a ponte da vida de ambos e muitas mais vezes estivemos juntos sem que eu sentisse despedaçar-me por um abraço. Até um dia em que ele me convidou para uma espécie de comemoração infeliz, um exorcismo conjunto de uma dor comum a muitos e que o abalava de forma particular. Aceitei o convite acabando por me encontrar sozinha entre uma multidão que, em rigor, não conhecia mas conhecia-o a ele, fora, aliás, por ele que viera. Quando o avistei pelas costas toquei-lhe num braço, virou-se e, radiante por me ver, abraçou-me fortemente, como que num exorcismo da sua dor, como se esperasse que esse abraço o salvasse. Eu, fosse por ser sempre desajeitada e desconfortável no capítulo de abraços, fosse por me sentir perturbada por aquele longo abraço público onde todo esse público me era estranho, sem que o repelisse, gentilmente afastei-o, quebrei o anel, embora confortando-o, como uma Mãe conforta um miúdo que magoou o joelho “pronto, pronto, já passou”. Até hoje me pesa esse gesto cobarde.
A história entre nós dois ficou sempre inacabada, um livro cujo último capítulo nunca aconteceu. Primeiramente um abraço apenas imaginado, depois um abraço não concluído, ficou a faltar a última penada: o abraço completo, inteiro, definitivo. Passaram muitos anos desde então, continuamos amigos, fomo-nos falando a cada passo, às vezes ensaiamos mesmo uns “meios-abraços” mas nunca encerramos esta trilogia. A faltar ficou um abraço completo, amplo e simétrico.
Talvez fosse sempre isso que nos faltou, talvez o devêssemos ter dado, talvez ele nos salvasse!
De quê? Não sei, mas sei que sempre nos olhei como duas almas perdidas à procura da salvação.
quarta-feira, agosto 01, 2007
Gaivotas, pronto, paciência!
do fundo do corpo um murmúrio,
não sei bem se do fundo do corpo,
não sei mesmo se do corpo
mas era do fundo e era em mim.
O murmúrio era um grito,
qualquer coisa que me abafava (que se abafava) no peito.
Às vezes custa-me tanto
os teus olhos, murmúrio-grito
de um infinito impossível
quarta-feira, julho 25, 2007
Não consigo adormecer...
Tudo me cansa, mesmo o que não me cansa. A minha alegria é tão dolorosa como a minha dor.
sábado, julho 21, 2007
"Vem ver as garças..."
vamos ouvir no silêncio o crocitar macio,
o som das asas a adejar,
vem ver as garças, talvez assim nos possamos esquecer…
talvez voar?
“Não sei bem, garças, acho eu.” (E eram. Numerosa colónia residente do rio que no fim-de-tarde vem pavonear-se naquele pedaço de espelho rente à Foz).
Vem…
Vem ver as garças comigo,
talvez nas suas asas o vento se aquiete,
talvez o rumo… a flor do silêncio…
Esta funda dificuldade em perceber o alcance das coisas que se sentem mesmo sem querer… e “o amor é” ainda qualquer coisa de funesto que arde na proa de um barco… “sem se ver”.
quarta-feira, julho 04, 2007
terça-feira, julho 03, 2007
Avessas
enquanto te rasgo a pele –
primeiro por onde se soltam,
se separam,
os olhos do negro que a noite
havia pousado em ti.
Quero dizer-te que te amo
mas a voz deixa-me sempre ausente,
em falta para com o mundo
que se fecha, que me fecha,
nos teus braços.
Estar contigo é uma lembrança
que és ainda o gosto verde
da liberdade nos meus dentes
e tua é a saliva com que juntos
prendemos o desejo.
terça-feira, junho 26, 2007
A casa na noite
Esta noite o silêncio sobrevoou a casa.
Foi nos seus passos pequeninos
que encontrei a noite
para que nela me pudesse aconchegar
e adormecer numa esteira de lágrimas.
Este noite recordei-te a textura da pele
e o desamparo do olhar,
num sulco mais fundo
que te atravessa a fronte
depositei-te um beijo imaginário,
um que levasses contigo,
junto ao peito,
como memória minha depois
da minha ausência.
segunda-feira, junho 25, 2007
Veneno
domingo, junho 24, 2007
Em Junho morrem os Poetas
quarta-feira, junho 20, 2007
sexta-feira, junho 15, 2007
Medo
-----------------------------Sem Resposta---------------------------------
Tenho medo de parar e me morrer cosida a um tempo de perfídia e ausência.
quarta-feira, junho 13, 2007
Canção de Despedida
rasgas o silêncio,
mordes-me por dentro,
abraças-me a dor
Devagar…
fazes-me dormir,
fazes-me sentir,
amparas-me o chão
Devagar…
como uma ilusão,
perdes-me no escuro
e achas-me no muro
que alguém te pintou
Passou tanto tempo,
fez-se tanto vento,
achas que acabou?
Devagar…
é Junho ou Setembro
no abraço lento
de quem tanto amou?
terça-feira, junho 05, 2007
segunda-feira, junho 04, 2007
Temporalidades
Temporalidades
de tornar a encontrar a voz
dentro do poema,
de o dobrar, pequeno,
como a uma folha seca
sepultada no interior de um caderno
Talvez seja este o tempo
de tornar as minhas mãos
de volta ao corpo
como se o teu um corpo de vento,
sereno, assobiando, azul
sobre a paisagem.
Talvez seja este o tempo
em que cheguemos a tempo!
sábado, maio 12, 2007
sexta-feira, abril 20, 2007
Coisas íntimas
para que nos digam
da volta secreta das palavras
que trocamos?
Ficaremos os dois
como se nunca nos tivéssemos
servido um do outro,
como se os teus olhos
nunca antes tivessem sido meus.
Não fossemos nós e
ter-nos-íamos amado eternamente,
no vão de um sorriso,
as mãos postas sobre o mundo.
Ficaríamos acesos até que se apagasse o mundo.
quinta-feira, abril 19, 2007
Lamber as feridas
quarta-feira, abril 18, 2007
A reabertura do Tasco
quinta-feira, abril 05, 2007
"Entre o alvo e a seta"
Música
Definição: Música = A mais perfeita forma de Poesia.
“Quem me leva os meus fantasmas” é o single de apresentação cuja estreia mundial se deu no passado dia 2 deste mês. Na sua página oficial Abrunhosa prometia um disco mais maduro, menos pop, menos superficial. A julgar pela amostra conseguiu-o.
“Quem me leva os meus fantasmas” é um tema que passa para além da pele, capaz de abanar estruturas, de nos fustigar, questionando-nos sobre o nosso eu, os fantasmas que guardamos e dos quais buscamos a libertação. Um poema soberbo numa música com o cunho bem forte de Abrunhosa, numa magnífica interpretação cheia da força orgânica e melódica a que o músico desde sempre nos habituou, tornando as suas interpretações únicas apesar da limitação a uma só oitava.
Conhecido pela imagem de marca de nunca mostrar os olhos, Abrunhosa brinda-nos com uma sucessão de olhares. São estes os olhos de Abrunhosa – sempre bem à vista, aliás, nas músicas que compõe. É este o seu olhar sobre o que o rodeia, são estes os olhos que os seus óculos reflectem.
A música podem ouvi-la aqui:
http://expresso.clix.pt/Actualidade/Interior.aspx?content_id=383952
sábado, março 31, 2007
Olhares cumplices
domingo, março 18, 2007
Se eu fosse...
sábado, março 17, 2007
sexta-feira, março 09, 2007
Magnólia
que jaz nua
sob a magnólia branca.
Fala-me dos seus olhos
cor de vento
que esperam os teus
pelos declives do Inverno.
Fala-me da mulher
cujo corpo repousa
entre os teus dedos
diz-me da nudez dos
seus seios, da palidez
da sua pele, diz-me do cheiro
à magnólia que, como a ela,
vais despetalando
pela noite dentro enquanto
a lua se abre plena
para enlaçar solícita
os amantes abraçados.
terça-feira, março 06, 2007
Vazio
sexta-feira, março 02, 2007
Árvores
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Mors ultima spes
Maremoto ou poesia,
este pedaço de vento
dominado pelas pausas
das coisas que não entendo.
amanhã, talvez já morta,
o meu cadáver dirá
das sombras que
o tempo depôs sobre o meu peito.
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Suicídio
se embriagam de flores azuis
Lá fora o mar estremece de espuma e de cio sobre as rochas.
Se eu abrisse a portada talvez alguém mastigasse o
sofrimento com dentes de fogo
e eu amachucasse, no interior das minhas mãos,
o terrível som do silêncio.
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Fatalidades
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Vertigem
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Certos céus que não tive
Vem a minha casa.
Ouvirás canções
que nos prometem a certos céus que não tive.
Alargarás os braços e abraçar-me-ás.
Uma asa, a que és afinal, golpeará a ordem do mundo
essa ordem de celofane que repudiámos.
E para lá do vidro, a dor apagar-se-á,
e juntos assistiremos
ao seu irado crepúsculo.
Domínios no escuro, dir-me-ás.
Sim, estamos cegos, dir-te-ei,
isto é, arrebatados, transportados
para o temível lugar onde a exasperação
é de outros, e a tristeza põe o rabo entre as pernas
e foge, e tropeça, e cai
em direcção ao ígneo centro.
Mas nada disto tem o sentido que se presume existir
(fátua ontologia)
em magias menores, alumbramentos e metamorfoses,
actos rituais e fogos de artifício nos longes da alma.
Tu estás somente dedicada
ao próximo alinhamento de canções
que nos prometem a certos céus que não tive.
Comprei hoje o Johnny Hartmann.
Vem ouvi-lo a minha casa, my funny valentine.
Luís Quintais
Hoje apeteceu-me este, a dizer com o dia…, para acompanhar com música e a lembrar “certos céus que não tive”
domingo, fevereiro 11, 2007
Chávena vazia
Insistiram em levar-me a chávena,
embora eu goste de a manter
vazia
sob os olhos e sob o olfacto.
Entrar na chávena vazia
como quem entra
na vida (vazia)
e ficar imaginando sonhos
na espuma que seca em seu redor.
Um dia impeço-os
de me levarem a chávena (vazia)
e guardo-me dentro dela
como a memória dos meus dias (vazios).
terça-feira, fevereiro 06, 2007
"uma sombra de rio"
sempre,
acuso-te do desgaste
das palavras.
Não tenho outras,
são estas
as mesmas que
fervem sob o sangue e
sobre a pele,
são as mesmas que te beijam
e te deixam,
dentes que rompem
a roupa ou a pele,
unhas que
arranham por dentro
do peito
como se o vento fosse nosso,
nos pertencesse,
ou o silêncio se apagasse
sobre o cinzeiro.
Entre nós e a cidade
apenas este espaço de tempo,
uma sombra de rio
que teima em abraçar-nos por dentro.