domingo, agosto 31, 2008

Obituário

Morreu o Poeta Joaquim Castro Caldas...

1956 Lisboa - 2008 Porto

Convém avisar os Ingleses...

[...]"em Orly milhões de gaivotas

não deixam voar os aviões

barricam as pistas

entopem os reactores

e é só nesses dias

que morrem poetas"


JCC

sábado, agosto 30, 2008

Urbanidades


Está tão bonito! Sinto-me honrada.

sexta-feira, agosto 29, 2008

Fim de Agosto


Pede-me agora
silêncio, paz e ruínas,
obras inacabadas
na cidade onde moravas


Pede-me o céu
ou a noite,
pede-me o sangue do açoite,
pede-me a angústia do chão

Pede-me um mundo inesperado
onde o vento te sossegue a noite e a solidão

Pede-me um beijo,
o longe,
o tempo na mão

Pede que eu dou
sem culpas nem perdão.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Uma janela


Sinto-me a abafar!

Preciso urgentemente de abrir uma janela!

quarta-feira, agosto 27, 2008

Space flight



Se vieres
deixo-te entrar nu
na maresia doente
dos meus olhos

terça-feira, agosto 26, 2008

Indagações




Porque hás-de ser
tu noite
e eu caminho?

segunda-feira, agosto 25, 2008

Promiscuidades



Fui hoje avisada - o meu último livro foi encontrado "paredes meias" numa prateleira da Byblos em conluio com o livro "Eu, poeta e tu, cidade" de Pedro Homem de Mello, livro esse inteiramente dedicado à cidade do Porto.



Se soubesse que era para andar por aí em promiscuidades líricas com livros cujos poemas
são declarações à cidade que eu amo...

tinha-o publicado mais cedo!

domingo, agosto 24, 2008

Poemas de Agosto by the see III


Águas perturbadas


Talvez te encontre
numa teia de acasos,
o corpo fechado à intempérie
de afectos vagos.
Talvez então me apeteça
amar-te, tanto
como ainda poucos foram
capazes de o fazer
e entregar pele
à tua pele,
sentir na língua
o gosto do vento
e o límpido sossego
das tuas águas perturbadas.

sábado, agosto 23, 2008

Poemas de Agosto by the see II

Deve estar vento


Deve estar vento
na desordem do teu corpo,
deve estar vento
por dentro do teu corpo
lento.

Deve haver ouriços do mar,
um mar de algas,
sargaço no teu encalço e
uma luz mortiça para te abraçar.

Deves ter tempo
para te perderes no areal
de desejos incontidos e
de corações feridos
pelo sul e pelo sal.

Deve estar vento
no olhar desordenado
com que te escondes
de mim e do pecado
e entornas o tempo
sobre outro tempo
na fuga do teu corpo contra
o vento.

sexta-feira, agosto 22, 2008

Silly season... silly posts... :)

Porque há imagens que valem mais que mil palavras...

Ui!

Auch!

Agora a sério... Parabéns!

quinta-feira, agosto 21, 2008

Cacela (ou... Poemas de Agosto by the sea)

Algarve


Ali o tempo era infinito,
não havia olhos
nem pecados de se olhar,
não havia desejos bravios
nem nada de bravio para desejar,
ali o tempo perdia-se com as ondas do mar.

Ali o tempo não tinha tempo
nem jeito de se contar,
ali o tempo perdia-se entre os dedos
como a areia que infinita se devolvia ao mar.

Ali o tempo não acabava nunca!

quarta-feira, agosto 20, 2008


A marcha silenciosa do poema

Todo o dia procurei por ti,
persegui-te em ruas escusas
da cidade,
junto à ponte e

mais além,
na pequena marina
de barcos pobres
onde achei que te iria encontrar.

Busquei por ti sob este sol de Agosto
no arrostar do mar junto à Foz,
na Cantareira à espera que tu
ou uma garça por ti…

Mas todo o dia me faltaste,
todo o dia eu não te vi…

terça-feira, agosto 19, 2008

Epígrafe da solidão


Gosto tanto de estar só


que às vezes me apetecia uma pessoa!

segunda-feira, agosto 18, 2008

Migrações de Verão


Surpreende-me a cidade assim saudosa do teu corpo ou do teu cheiro. Suspeito que do cheiro mais do que do corpo, que o cheiro mais etéreo traz mais a tua lembrança numa cidade onde tantos corpos e tantos cheiros que se confundem.

Surpreende-me a cidade assim de Verão sem Verão, quase frio, meio chuva e mesmo assim Verão. Uns verão e outros não… poucos são os que te verão pelo Verão, digo eu que não estou cá.

domingo, agosto 17, 2008

Esta noite não durmo aqui. Durmo em Lisboa.

Esta noite não durmo aqui. Durmo em Lisboa num hotel qualquer. Gosto de hotéis, grandes e impessoais, sítios onde talvez nunca torne ou, pelo inverso, torne sempre uma e outra vez. Hoje queria adormecer em Lisboa, deixar a madrugada entrar em mim sentada na esplanada do Piazza, a ouvir na distância o gemido da ponte a cada carro, como um vento regurgitado de um lugar qualquer obscuro perdido na distância escura. O crocitar de uma ou outra gaivota e o penoso silêncio da noite de Lisboa. Esta noite vou voar para lá.
Se me perguntarem o que mais gosto em Lisboa direi S. Luiz, não a sala do teatro mas o jardim de inverno, um espaço largo, sem amarras, mesas redondas e um painel de fundo com um cavaleiro, será um dragão? Será um centauro? Um sagitário? O que sei eu, é uma imagem de corpo e animal, qualquer coisa de magnífico e insensato. Gosto do jardim de inverno pelo inverno e gosto das placas no átrio com os nomes dos artistas, uma parede de placas e outra e outra e … de resto pouco mais gosto em Lisboa, eu nem sequer gosto de Lisboa! Gosto do Chiado feio e torcido ao peso dos seus poemas que não conheço e do Nicola, sim, do Nicola gosto, quero voltar à esplanada do Nicola ler o Notícias e pensar “eu não sou de cá”.


Esta noite não durmo aqui, hei-de tornar ao Estoril, e ficar a ver a lua cheia do alto da varanda recuada do oitavo piso do Vila Galé, a ver a estrada, a bomba de gasolina, o Gordini já fechado, a linha férrea deserta – não, talvez um comboio desesperado pela noite fora a apitar (há comboios de madrugada nesta linha? Não sei, nunca os vi nem os senti), e depois o mar, o longo o intenso o azul escuro mar. Estoril e o mar.
Não, esta noite não durmo aqui, nem pensar, vou cear ao Piazza e depois Estoril, está decidido. Vila Galé para a varanda da lua cheia, colado ao Palácio onde descobri o espanto de uma noite de Janeiro, quatro da manhã no quarto deserto e tão cheio, uma rosa para ti e para mim o entendimento surdo do tempo em que ainda falávamos uma mesma língua. Já passou.
Não me liguem, não me dêem atenção, são três e meia da manhã e tento adormecer neste sofá, o corpo em torpor, uma luz acesa sobre os olhos, o som do teclado insistente clac-clac-clac, luzes que piscam, alarmes a enlouquecer a noite e gemidos de dor ao longe. É que claro que não estou aqui, não durmo aqui nem por nada!

Esta noite durmo em Lisboa. Até amanhã.

sábado, agosto 16, 2008

Cidade Fantasma



(fastamagórica?)





É Agosto e cidade toma uma cor diferente. Agosto das cidades quietas, os seus habitantes fogem para o Sul e ela enche-se de línguas estranhas que arranham os ouvidos. Gente com mapas, calção curto, olhares vorazes, capazes de engolir a cidade de um trago.

Percorri hoje a baixa da cidade, lugar que considero meu, casa minha, e foi como se não a conhecesse e foi bom. Agosto não me apetece a minha cidade, apetece-me outro qualquer lugar dentro de mim (ou dela. Será o mesmo? Seremos iguais? Seremos a mesma? A mesma coisa?).

Parti, então, pela rua como quem procura o poema dentro da cidade. Lojas vazias, fechadas, lixo pelas portas, um pouco de vento, os mesmo mendigos (sim, os mendigos são os mesmo, que pena, estragam-me a pintura) e esta mesma vontade de partir para longe ainda que perto, ainda que aqui, partir para longe ainda que dentro de mim…

Partir para longe e não sentir.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Hoje apetece-me reiniciar...


A silly-rentrée

(porque fazemos títulos com duas palavras estrangeiras?)

Instigada por algumas pessoas, entre elas a Poeta* Minês Castanheira, que criou e “gere” o recém -criado blog do Clube Literário do Porto, resolvi, a medo, reiniciar este blog, a ver vamos o que daqui vai sair.

Um bocado ridículo fazer a rentrée de um blog quando “toda-a-gente” e muitos blogs estão de férias, não é? Como me agradam as coisas absurdas pareceu-me bem!


* Usei Poeta (e não Poetisa) dada a controvérsia no uso de ambos os termos. Faço-o não por machismo mas sim porque entendo aqui Poeta como adjectivo e não como substântivo e assim o feminino parece-me menos "substântivo" na essência!