quarta-feira, dezembro 29, 2010

Recuperações - Rua de Santa Catarina

Vejo-te
por entre a turba que vem descendo a rua
ali, além ou mais à frente.
Talvez nem sejas tu
mas apenas a tua sombra
ou um perfume de ti
ou talvez nem gente
ou talvez apenas o estéril desejo
de te ter assim etereamente.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Crónicas, croniquetas e cronicões

Uma crónica de Natal (a Ano Novo)


Give Peace a chance!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Sangue para um poema


Cravo as unhas na pele.
Forte,
mais forte!
Até sangrar por dentro.
Agora sim, o poema
é isento!

domingo, dezembro 19, 2010

Recuperações - As razões do amor



Amamo-nos
não pelas razões certas
mas por todas as erradas razões
que levam ao amor.
Talvez por isso
nunca abordamos esse assunto.

Recuperações - O ínício (ou a cápsula do tempo reinventado)


Aviso à navegação - este blog vai começar periodicamente a recuperar textos publicados em antanho em outros dois blogs antigos que tive, não estranhem se reencontrarem uma vida que já não existe!

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Nenhuma memória

Nenhuma memória nos vai livrar do esquecimento
nem encontrar os mais íntimos espaços da nossa pele,
nenhuma memória dos cheiros ou dos ventos,
dos gritos, das lágrimas, dos céus ou luas
que dobramos entre as mãos.

Nenhuma memória nos vai livrar do esquecimento,
memória nenhuma nos vai salvar.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Crónicas da Cidade Cinzenta


O Sol a seu dono… dona!



Uma mulher espanhola, jurista, resolveu colocar o Sol em seu nome, veio nos jornais, com fotografia e tudo. Além da demência em que semelhante acto classifica a senhora em causa, apostada na benemerência, diz querer pôr o Astro Rei não ao seu serviço mas dos pobrezinhos, pretendendo usar os seus direitos de legítima proprietária para com isso cobrar um imposto a todas as empresas (e estou certa aos particulares) que dele se sirvam como fonte de energia, para com esses dividendos, dos quais a benemérita senhora diz só querer para si dez por cento, dez!, ajudar os pobrezinhos, multiplicados por várias casas de caridade.
Depois do senhor do adeus de Lisboa, que distribuía acenos e afecto aos passantes a troco de nada, a quem um grupo de cidadãos pretende erigir estátua acho que esta jurista espanhola merece igual encómio e espero que ao menos na sua terra natal, abençoada pelo sol, alguém tenha a ideia de o fazer.
Eu própria já estou a tratar dos papeis para colocar o ar em meu nome, tratarei logo a seguir de instituir um imposto, a pagar mensalmente, talvez junto das outras minudências que aparecem de brinde nas facturas da luz, a todos os que usem o ar, minha propriedade privada, quer seja para o respirar quer para o poluir e mais prometo também dar 90% aos pobrezinhos até porque é conveniente que esses possuam algum provento mais não seja que para fazer face ao mesmo imposto, admitindo que ainda respirem.
Parece-me pois um negócio justo e provavelmente dos mais lucrativos desde a invenção das infalíveis pulseiras do equilíbrio.