Há uns anos, escrevi este poema ao descer as escadas da Casa da Música. Ontem estive lá outra vez e lembrei-me (como poderia não me lembrar...) deste já velho poema. Partilho-o (em reposição do meu meu defunto blog o "era de noite chovia" para quem ainda se lembrar dele)
Foto de Luís Lobo Henriques
O que resta nos escombros do silêncio
Serás, amanhã, notícia no jornal
e isso que importa,
não estarei lá para ler
de ti a folha morta,
já não te acompanho no silêncio
das portadas,
já de nós não há memória
ao descermos estas escadas
fomos rio impetuoso
que esbarrou sem liberdade,
na barragem construída
entre rugas de saudade,
fomos vento que passou
tão leve e ledo,
que o amanhã tornou-se um ontem
feito medo.
Fomos alma, fomos cor,
ou coisa breve,
e fomos morrendo os dois
cheios de neve
nos meandros da memória
que nos serve
esta liquefeita
angústia que se bebe
1 comentário:
..e tantos poemas q esse blog comportou:)
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