Aviso prévio: A Crónica de Segunda de hoje sai fortemente prejudicada pelas nuvens no céu – estão aqui a sussurrar-me que o céu do Porto não está nublado e as temperaturas de Verão não permitem sequer pensar que o Outono já tomou conta do calendário – pois que seja, que me interessa lá isso – a Crónica de Segunda de hoje sai fortemente prejudicada pelas nuvens no céu de Paris (como espero não ter leitores em Paris e como o Inverno costuma chegar lá primeiro do que cá espero que não me venha bater no ombro, despertando-me para a dolorosa realidade de não estar Paris coberta de nuvens, como convém à minha crónica de hoje).
São certamente essas nuvens, não pode ser outra coisa, que me trazem à memória, como aos velhinhos, imagens fugazes, como frames de um filme a sépia (que liga muito bem com as nuvens e nestas coisas da literatura, mesmo a mais croniqueira, devemos ter atenção à estética, ao estilo), coisas antigas de antigos abraços, piadas tontas de amigos entretanto perdidos, intimidades, contradições, sorrisos que se estendiam nos lábios e ameaçavam prolongar-se nos olhares, sorrateiras cumplicidades que ganhavam vida como um segredo, duas mãos que se apertassem fingindo um abraço inteiro que ninguém mais vê.
De repente, sob o efeito dos céus cinzentos… de Paris, os cafés do Porto, velhos, antigos, que eu percorro por vício, são subitamente lugares vazios, bafientos, incómodos, povoados de memórias boas mas distantes, como sombras que tentamos em vão agarrar com as pontas dos dedos, fantasmas evanescentes, coisas que parecem existir apenas na nossa imaginação ou por trás, muito por trás das nuvens que cobrem os céus… de Paris. Um perfume que fica muito para lá do corpo, já na sua ausência, serve de memória e enquanto o olfacto nos deixar não nos sentimos sós, somos a mesma realidade ficcionada, um ralenti da cena passada, o actor sai de cena mas deixa o seu lastro sob a forma de perfume e é como se ainda ali estivesse, um holograma, uma imagem apenas imaginada, mas ali, enquanto o perfume permanecer. Tudo isso a ser levado e lavado pelo vento, o mesmo que há-de empurrar as nuvens dos céus de Paris, de Londres, Nova Iorque, Xangai, que sei eu! Sei que olho o céu que me cobre, límpido, sem nuvens, tiro o casaco, aqui é Verão, e penso que a brisa que acabou de me percorrer talvez chegue tão longe como Paris, Londres, Xangai… e leve as nuvens que tanto prejudicaram esta crónica que podia muito bem acabar com um sorriso!
São certamente essas nuvens, não pode ser outra coisa, que me trazem à memória, como aos velhinhos, imagens fugazes, como frames de um filme a sépia (que liga muito bem com as nuvens e nestas coisas da literatura, mesmo a mais croniqueira, devemos ter atenção à estética, ao estilo), coisas antigas de antigos abraços, piadas tontas de amigos entretanto perdidos, intimidades, contradições, sorrisos que se estendiam nos lábios e ameaçavam prolongar-se nos olhares, sorrateiras cumplicidades que ganhavam vida como um segredo, duas mãos que se apertassem fingindo um abraço inteiro que ninguém mais vê.
De repente, sob o efeito dos céus cinzentos… de Paris, os cafés do Porto, velhos, antigos, que eu percorro por vício, são subitamente lugares vazios, bafientos, incómodos, povoados de memórias boas mas distantes, como sombras que tentamos em vão agarrar com as pontas dos dedos, fantasmas evanescentes, coisas que parecem existir apenas na nossa imaginação ou por trás, muito por trás das nuvens que cobrem os céus… de Paris. Um perfume que fica muito para lá do corpo, já na sua ausência, serve de memória e enquanto o olfacto nos deixar não nos sentimos sós, somos a mesma realidade ficcionada, um ralenti da cena passada, o actor sai de cena mas deixa o seu lastro sob a forma de perfume e é como se ainda ali estivesse, um holograma, uma imagem apenas imaginada, mas ali, enquanto o perfume permanecer. Tudo isso a ser levado e lavado pelo vento, o mesmo que há-de empurrar as nuvens dos céus de Paris, de Londres, Nova Iorque, Xangai, que sei eu! Sei que olho o céu que me cobre, límpido, sem nuvens, tiro o casaco, aqui é Verão, e penso que a brisa que acabou de me percorrer talvez chegue tão longe como Paris, Londres, Xangai… e leve as nuvens que tanto prejudicaram esta crónica que podia muito bem acabar com um sorriso!
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