terça-feira, agosto 02, 2011

A metáfora (uma reposição)



Gosto de abrir a janela pelo fim da tarde dos dias de Maio. Abro-a e fico a ver entrar o calor no seu primitivo vigor primaveril junto com alguns farrapos de nuvens. Da janela vejo os pássaros e às vezes apetecia-me que me entrasse um deles pela casa. Raramente acontece e quando acontece é um aborrecimento, ter de andar a enxotá-lo e ele a esvoaçar assustado por toda a casa, depois limpar os excrementos que ele desastradamente espalhou sobre a mobília – o bicho não tem culpa, é um pássaro, não é uma metáfora de pássaro. Olho de novo a janela e reformulo: “Às vezes queria que me entrasse uma metáfora pela janela”

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