segunda-feira, agosto 15, 2011

Crónica de Segunda - Efemérides



A crónica de segunda de hoje é uma crónica de feriado, de dia santo, dia repetente de calendário em calendário, até que algum governante possuído pela febre produtiva do povo, a quem suga intempestivamente os impostos, resolver determinar outro dia para a sua comemoração ou o eliminar de todo.

Assim me pus a pensar sobre a ideia de efeméride, nome apelativo e elucidativo sobre as coisas que comemoramos na vida, tudo tão efémero como a palavra efeméride nos faz lembrar; talvez por isso alguns se iludam e digam não as comemorar certamente para fugirem a ter de pensar quão curta é esta nossa (e a dos outros ) passagem. As efemérides, as datas que se repetem e comemoram, as que não esquecemos nas brumas da memória são, na verdade, um frete da existência, tornando a percepção que temos da vida mais cinzenta e cheia de finitude.

Dá-se o caso de recentemente ter ocorrido comigo uma daquelas de número redondo , comemorável, que num repente me trouxe de enxurro peça a peça os elementos de uma velha história (tão velha quanto a efeméride em causa e a ela fortemente ligada) com que fui compondo de memória um puzzle. Como quem limpa o pó e teias de aranha a uma velha fotografia esquecida no sótão da casa e percebe que perdeu a nitidez e a cor mas não perdeu nada em capacidade de nos fazer vibrar a corda da ausência e da saudade.

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