Quando voltares
já não estarei,
terei partido em busca de mim
pelas marés,
levando comigo o restolho
a arrastá-lo com os pés.
Quando voltares
o meu lugar será vazio,
musgo e vento em meu lugar,
ainda que te lembres como era
antes de partir
nada encontrarás
de mim o que recordar.
Quando voltares
ainda o sino, sinalizando o tempo,
hora após hora,
o lento piano a acordar memórias de antanho,
perdidas tão de nós
como antes fôramos perto.
Quando voltares
talvez encontres ainda o vaso e as flores,
um canteiro seco, por regar,
planta que deixaste morrer por te partires.
Quando voltares
acharás lugar para ficar
de novo também as mesmas ruas,
os mesmos pequenos lugares
de onde nunca sentiste que chegaste a partir,
nada em ti sentirá diferente
e não estará, apenas eu
não estarei lá.
Numa nuvem de tempo,
limparás o cotão e a fuligem
depositadas no lugar de onde partiste.
Quando voltares hás-de,
enfim, permanecer, apenas eu
já não estarei,
terei partido bem antes,
sem esperar para te ver.
quinta-feira, setembro 22, 2011
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