segunda-feira, setembro 12, 2011

Crónica de Segunda -11 de Setembro... de 2002










Sei exactamente onde estava no 11 de Setembro de 2002, um ano depois do fatídico atentado às torres gémeas. Veio-me esta memória, não devido à comemoração dos 10 anos do mesmo atentado mas após visionar o DVD de um concerto ao vivo de Sting em Berlim e de ter sentido uma irreprimível vontade de lá voltar e de lá ter estado, no concerto.
Era em Berlim que estava no 11 de Setembro de 2002, sentada no lindíssimo Café Einstein em plena Unter den Linden, de volta de um appfelestrudel, mesmo ao ladinho da Embaixada dos Estado Unidos, pormenor que só havia de descobrir quando saí da confeitaria. Provavelmente o sítio menos aconselhável para se estar em Berlim um ano depois do atentado. Porém o que me fez tornar a Berlim e o conduziu para dentro da crónica é a memória que me ficou do lugar. Lembro-me de ter partido para Berlim com vontade de fugir de mim e talvez assim me reencontrar. Tal veio a acontecer. Antes de partir liguei a um amigo que sabia ter lá estado antes do muro ser abatido e pedi-lhe “diz-me o que devo ver em Berlim”, tempo perdido, embrulhado nos difíceis nomes alemães língua que nenhum dos dois dominava fiquei-me apenas com um nome na memória por me ser fácil recordar – Alexander Platz, e estive lá, junto à enorme torre da TV e em Potsdamer Platz e numa quantidade de outros lugares impronunciáveis.
Recordo chegar a Berlim e comer salsichas numa esplanada, e passear de barco do Spree, recordo o metro de Berlim S-Banh de superfície e U-Banh enterrado, como o do Porto. Chegando a Berlim impressionou-me o traço no chão marcando o lugar onde antes estivera o muro e mais do que o Checkpoint Charlie quis visitar a Eastside galery onde permanece uma parte do muro. Há uma memória longa de guerra, uma cor pardacenta espalhada por parte da cidade. Lembro ainda aquilo que mais me marcou em Berlim, o monumento aos mortos de todas as guerras – uma mãe, Pietá ao centro de uma abóbada aberta ao exterior, onde chove, neva e entra o sol, conforme os humores meteorológicos, em volta a escuridão, e flores que pais e mães deixam em memória dos seus que partiram, um lugar lúgubre e húmido, por mim não irei esquecer.
Há depois um senhor alemão (2011) comissário para a Energia, um tal Oettinger, que acha que os países europeus com excesso de défice deveriam ver as suas bandeiras colocadas a meia haste nos edifícios comunitários! Berlim é uma cidade a meia haste, a Igreja da Memória semi-destruida pelos bombardeamentos, nunca recuperada, para nos recordar a nossa fragilidade e aquilo que não se deve repetir nunca mais. Espero que o Sr Oettinger passe por Berlim um destes dias.

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