Precisava, talvez, de outros olhos, outros para achar o assunto das crónicas, outros para ver o mundo e perceber nele mais do que apenas um cinzento fosco de angustias alheias.
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Regresso ao Zé Gomes Ferreira que queria chorar com lágrimas verdadeiras e não as lágrimas intrujonas dos poetas e sentir com dor de verdade e não com a dor fingida do fingidor Pessoano. Mas não, tal como o Zé Gomes, todos os dias visto o fato que me deram (que eu procurei) e mancho-me da dor dos outros para não me sentir. Confortável a miséria humana que nos permite sempre vir ao de cima acenando a felicidade de aquela dor não ser a nossa, tal como a nossa não é a dor daqueles a quem choramos no ombro.
Circular cadeia de afectos e fugas, porque como diz o povo “prá frente é que é o caminho”.
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