quarta-feira, junho 23, 2010

Sobre os anjos

Em memória de meu Pai
07/12/1931 - 24/06/1996

Sobre os anjos


Se os anjos partissem,
em silêncio,
e se do seu silêncio
se fizesse casa,
um refúgio,
um lugar de sombras pardas,
onde cada um de nós
se pudesse recolher

a horas tardas.


Se os anjos partissem,
em sossego,
e se desse sossego
se fizesse templo,
um regaço,
um lugar para além do frio,
onde cada um de nós
se pudesse proteger

deste vazio.

Se os anjos regressassem,
noite adentro,
em silêncio vigilantes,
como o vento,
beijando-nos no sono como um sonho,
suspensos já, seríamos no tempo,
e esta inundação de luz

por dentro.

4 comentários:

Donagata disse...

Que belíssima homenagem...

Anónimo disse...

"Se ao menos um poema..."

Abraço-te*

C.

mulher lua disse...

Bem merece o Sr. Malheiro, meu ex-colega na Companhia e que não fazia ideia que já andava de braço dado com os anjos. Saí de lá, em 1989...

Veijios

Ah! Comprei o Luz Vertival na Feira do Livro, agora só falta o autógrafo

pin gente disse...

um abraço, a.m