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É, afinal, tudo sobre caixas-de-música, o encanto que despertam também em mim e as estórias doces de outras músicas feitas "sobre" as das caixas-de-música, máquinas de som.
A bailarina
Eu sei que dos teus olhos
saltava sempre a bailarina
da caixa de música
E os seus braços erguidos,
em arco, sobre a cabeça,
não eram senão os mesmos
que te abraçavam o sono
Sei que, nos teus olhos,
a bailarina em pontas,
rodopio infinito,
é uma mulher só tua,
perdida nos teus braços de menino
que se esqueceu de crescer
E o amor que achavas na ânsia
com que a noite te despia
era sempre a bailarina,
que na caixinha da infância,
em música te adormecia
Recordas ainda, nos teus olhos,
(tu o sabes e os escondes,
por pudor, que outros também)
a doce epifania
dos seus braços no teu peito,
a bailarina que inventada, rodopia
crescendo em ti um bailado perfeito
Em pontas
na ponta do teu desejo,
bailando-te pelos olhos
como um beijo,
do teu corpo vai fazendo a melodia,
com a língua molhada no teu solfejo.
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