Tal como expresso no post anterior estive ontem no Clube Literário do Porto, a convite da minha amiga Clara Henriques, numa animada tertúlia, a propósito do dia Internacional da Mulher, onde se discutiu a Poesia no Feminino e se esta tem ou não género.
Nesta viagem participaram a Minês Castanheira e a Ana Luísa Amaral e o moderador (macho, pois claro, para equilibrar a balança) César Príncipe. Se me arranjarem fotos do dito evento conto colocar aqui uma ou duas para ilustrar a coisa.
Gostei muito: pelo tema, pela participação e preserverança do público que encheu a sala e não arredou pé apesar do grande atraso (que foi necessário por uma das intervenientes ter ficado literalmente presa no trânsito durante tempo infindo), pelo entardecer sobre o Douro a ouvir poesia.
Ontem fez-se poesia no Clube e isso foi muito bonito!
Os agradecimentos vão todos para a Clara pelo trabalho gracioso de quem ama a poesia, pela paciencia e pela amizade e a todos os que se deslocaram lá e ali ficaram até ao fim firmes e hirtos fazendo parte do poema, poemando em conjunto. Entre eles alguns amigos e outros que gostei de conhecer. Bem hajam!
Se calhar por isso apetece-me um poema da Ana Luísa Amaral (que eu não conhecia pessoalmente e é uma simpatia):
Tento empurrar-te de cima do poema
para não o estragar na emoção de ti:
olhos semi-cerrados, em precauções de tempo,
a sonhá-lo de longe, todo livre sem ti.
Dele ausento os teus olhos, sorriso, boca, olhar:
tudo coisas de ti, mas coisas de partir...
E o meu alarme nasce: e se morreste aí,
no meio de chão sem texto que é ausente de ti?
E se já não respiras? Se eu não te vejo mais
por te querer empurrar, lírica de emoção?
E o meu pânico cresce: se tu não estiveres lá?
E se tu não estiveres onde o poema está?
Faço eroticamente respiração contigo:
primeiro um advérbio, depois um adjectivo,
depois um verso todo em emoção e juras.
E termino contigo em cima do poema,
presente indicativo, artigos às escuras.
1 comentário:
Um obrigada a ti também, Amiga, por fazeres parte destas "loucuras", pelos jantares, pela partilha, pelo andar para trás e para a frente quando os nervos apertam, quando o chá pede que alguém o segure, quando a poesia se escreve no Douro e só nós sabemos bem o que tudo isto quer dizer.
:-))
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