Dedicada ao meu editor
e amigo Carlos Lopes,
por inconfessáveis motivos que só nós sabemos!
Cá está ela, a Crónica de Natal.
Perguntar-se-á o estimado leitor, que sei atento, que diabo me terá passado
pela moleirinha para em meados de Outubro os presentear com uma insonsa e
despropositada crónica natalícia. Insonsa porque as de Natal o são sempre,
temazinho batido, até porque acontece todos os anos, conta a mesma História e,
mais previsível ainda, ocorre sempre no mesmo dia do mesmo mês, portanto nada
no Natal estimula a imaginação. Despropositada porque, atendendo ao atrás
exposto, estas crónicas embora comuns, quase diria clássicas, não aparecem em
Outubro, quando ainda nos estamos a recompor do fim do Verão mas sim em pleno
Inverno e são aliás muito boas, quando impressas em papel, para servir de
acendalhas às lareiras de quem as tem.
Estou certa que a esta hora, se
ainda não desistiram de me ler, atribuirão a minha estranheza e loucura ao
discurso Gasparino ouvido há horas, até porque pelo Natal os reis magos, entre
eles o Gaspar, aparecem sempre com as prendinhas; atribuíla-ão à crise e à
monumental – sim por favor, deixem-me acrescentar uma inovação à crónica,
colossal e enorme estão, como o tema do Natal, no limite da paciência dos
santos – miséria a que o País real está lançado. Tenderão a pensar que me
afoito a escrever a crónica de Natal a dois meses de distância pela dúvida de
entre subidas de impostos e mitigações de ordenados e subsídios, arrasamento de
dias de férias e feriados, pela dúvida, dizia, de saber se este ano haverá
Natal.
Na verdade as minhas razões são
bem mais prosaicas, prendem-se sobretudo com provar que, como temática, o Natal
já deu o que tinha a dar. Quem, depois de dois mil e tal anos de vastas
tentativas, vai agora inventar a nova maneira de contar a História do Menino
Jesus? Inventar-lhe uma nova manjedoura? Chamar os burros e as vacas pelos
nomes, atendendo ao facto de nunca os ter visto descritos na literatura que
consultei? Descortinar entre os reis magos qual trouxe o quê de oferta ao
Menino? – Aposto que o Gaspar foi o que trouxe a mirra, especialista em tudo
mirrar: os ordenados, os subsídios, os empregos, enfim a economia! O ouro
sabemos que não foi o António Sala, mas aposto que todos desconfiamos que ele
por lá andasse disfarçado de Belchior. Enfim, não há maneira, pois se nem no
Pai Natal conseguimos inventar – a coca-cola não mudou de cor e um Pai Natal
vestido de azul semelharia um strunf. Creio apenas que este Natal a coisa
poderá melhorar no sentido das SMS, previsivelmente serão menos, não há guita!
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