Há uns anos largos ofereci, pelo seu aniversário, este poema a uma Amiga. Foi uma maldade, uma coisa feia, oferecer assim um poema tão escuro a falar do tempo que passa e da solidão inerente a cada um de nós a alguém que fazia pouco mais que metade da minha própria idade. Hoje fica aqui por me andar a perseguir esta ideia… “porque somos sempre sós dentro de nós”.
Sós
Apagaram-se as velas
e a lua vem
finalmente
abraçar-te o corpo
em solidão.
Este é o poema
que lerás no fim
da festa dos teus anos
quando só
o silêncio te fizer
companhia junto
com as memórias
dos desenganos.
Porque somos sempre nós,
só nós
por dentro de apenas
nós,
pouco mais que
silêncio e solidão.
E é em nós,
por dentro sós,
tão sós,
que o tempo encontra
o chão onde pousar,
como um vento só
que sofre
sem ter onde soprar.
Porque somos nós,
só nós,
sim que somos
sempre sós dentro de nós,
apesar da multidão
é sempre dentro
de nós que o tempo
repousa no fim dos segundos,
os primeiros minutos,
os anos e as décadas.
Agora apagas as luzes
perfeitas da ilusão
e acendes dentro de ti
um sol de propulsão
que rasga o sorriso
pintado nos olhos
e dança na letra
de uma canção.
Abres a janela,
é só mais um ano,
marca-sentinela
de nada…
Risca o calendário
na data marcada
e volta-te ao contrário
e faz-te de novo
à estrada,
na busca,
na ânsia
de sei lá de quê…
sábado, janeiro 23, 2010
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5 comentários:
Fiz anos na semana passada, este poema podia ter sido para mim... para todos nós.
NINGUÉM consegue entrar dentro de NINGUÉM, por isso, sempre estaremos, cá dentro, em solidão... que é boa, diga-se de passagem... ah ah ah
Veijios
E há anos que o tento ensinar a mim e a todos os que me rodeiam, como se tivesse passado a ser uma Bíblia.. "Sim que somos sempre sós dentro de nós.."
Tremendamente belo !
lindo!!! obrigada pela partilha deste belo poema. Estamos sós dentro de nós mas sempre preenchidos porque é sempre nessa solidão de nós que encontro paz e compreensão!
Sublime...
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