Quando se torna de viagem trazemos
estórias , pequenas anedotas dos dias, provavelmente mais serenos, memórias de cheiros,
aromas invulgares, idiomas inalcançáveis, nomes de ruas que nos hão-de
perseguir na memória, praças solarengas, momentos fotografados, pedaços de
histórias que passarão a fazer parte do nosso ideário. Crescemos, somo
diferentes, talvez sejamos mais.
Quando tornamos de viagem
trazemos também a saudade do retorno ao lugar comum, o nosso, o eixo das nossas
contradições, tudo quanto amamos e desamamos, trazemos agora a lente nova com
que apreciamos o que já conhecíamos, à luz das novas experiências, dos locais
onde nos perdemos anteriormente, tudo o que antes já era é-nos agora um pouco
diferente. É, enfim, esse o interesse real da viagem, que só o é se servir para
que nos afastemos de facto por forma que ao tornarmos não sejamos já os mesmos,
sejamos mais, sejamos acrescentados de mundo e vivência e com isso estejamos um
passo além dos que ainda não viajaram.
O propósito da viagem é o
encontro com o novo para emparelhá-lo com o velho até equilibrarmos a nossa paz
com a paz do mundo e acharmos nele o nosso lugar.