Não gosto do “Ídolos”, como aliás não gosto de nenhum dos seus congéneres, “Operações Triunfo”, “Vozes de Portugal” e quejandos festivais da otite, mas gosto ainda menos do “Ídolos” do que dos outros porque associa ao triste engodo de uma carreira de sucesso a um bando de impúberes sonhadores de luzes e estrelato, o extra da humilhação pública, ingrediente essencial para obter audiências. Um carcamano boçal (alegremo-nos, de início eram dois!), de talentos musicais desconhecidos, é pago, felizmente não do erário público, para amesquinhar adolescentes transidos, as futuras estrelas que nos hão-de encher os ecrãs e os ouvidos com indiscutíveis talentos de durabilidade entre 3 a 6 meses, mostrando-lhes, enfim, quem manda – faz-me sempre recordar um personagem de Lobo Antunes que se servia das criadas mas sempre sem tirar o chapéu para mostrar quem mandava.
Teve, porém, este programa a veleidade, pela mão de um dos seus imberbes concorrentes, já não sei qual – o programa não está feito para que nos lembremos deles – nem se foi aprovado para o distinto grupo que domingo após domingo há-de encher as “galas” do programa (eu ainda sou do tempo em que uma gala era um espectáculo de excelência onde eram convidados os mais talentosos cantores ou bandas, os mesmos que agora se sentam em casa a ver o seu lugar ocupado por estudantes de vedeta no desemprego), de trazer uma velha canção de 2009 que poucos conheciam para o topo dos airplays. Acho mesmo que o rapaz, terminadas as hostilidades idólicas, deveria ser medalhado pelos “Azeitonas” por os ter catapultado para festivais de verão e queimas de fitas.
Falo, claro, de “Anda comigo ver os aviões”. Conheço uma meia dúzia de músicas dos “azeitonas” mas também não conhecia esta e fiquei, como muitos, encantada pela sua melodia e lirismo adocicado. E vinha eu, por aqui abaixo, cheia de ganas de escrever crónica, não sobre os “Ídolos” nem sobre este interprete que já esqueci mas sim sobre esta música, ou melhor ainda sobre a ideia desta música e de transcender para além da história contada pela canção. A magnífica ilusão de ter alguém com quem ver aviões, os navios em leixões ou os foguetões. Uma impossível imagem de silêncio e paz em tempo de ruído como é o nosso. Que bom se alguém nos amparasse o silêncio e nos afagasse o cabelo enquanto connosco visse passar os aviões ou os pássaros em voo rasante e enquanto o mar ao longe fizesse a banda sonora, sem lugar a luzes nem ribalta. Só silêncio, paz, quase solidão.
Teve, porém, este programa a veleidade, pela mão de um dos seus imberbes concorrentes, já não sei qual – o programa não está feito para que nos lembremos deles – nem se foi aprovado para o distinto grupo que domingo após domingo há-de encher as “galas” do programa (eu ainda sou do tempo em que uma gala era um espectáculo de excelência onde eram convidados os mais talentosos cantores ou bandas, os mesmos que agora se sentam em casa a ver o seu lugar ocupado por estudantes de vedeta no desemprego), de trazer uma velha canção de 2009 que poucos conheciam para o topo dos airplays. Acho mesmo que o rapaz, terminadas as hostilidades idólicas, deveria ser medalhado pelos “Azeitonas” por os ter catapultado para festivais de verão e queimas de fitas.
Falo, claro, de “Anda comigo ver os aviões”. Conheço uma meia dúzia de músicas dos “azeitonas” mas também não conhecia esta e fiquei, como muitos, encantada pela sua melodia e lirismo adocicado. E vinha eu, por aqui abaixo, cheia de ganas de escrever crónica, não sobre os “Ídolos” nem sobre este interprete que já esqueci mas sim sobre esta música, ou melhor ainda sobre a ideia desta música e de transcender para além da história contada pela canção. A magnífica ilusão de ter alguém com quem ver aviões, os navios em leixões ou os foguetões. Uma impossível imagem de silêncio e paz em tempo de ruído como é o nosso. Que bom se alguém nos amparasse o silêncio e nos afagasse o cabelo enquanto connosco visse passar os aviões ou os pássaros em voo rasante e enquanto o mar ao longe fizesse a banda sonora, sem lugar a luzes nem ribalta. Só silêncio, paz, quase solidão.