segunda-feira, março 29, 2010

O miúdo que pregava pregos numa tábua

Li hoje, de uma assentada, o livro d’”O miúdo que pregava pregos numa tábua” e aprendi mais sobre literatura e música do que se tivesse lido uma enciclopédia sobre ambos os assuntos. Estou, como habitualmente, apaixonada por este Poeta. É um amor antigo que nasceu mais das prosas que dos poemas. Os seus poemas são quase sempre demasiado épicos, soube agora que pretendia continuar “Os Lusíadas”, acho que tem conseguido.
Não sei ainda se votarei nele para Presidente, provavelmente sim, já o fiz uma vez. É, aliás, uma desresponsabilização por saber que os Poetas nunca são Presidentes da República. Deve mesmo ser doloroso ao Poeta vestir-se de político, espartilhar-se à mentira e ao conformismo mesmo o seu que é, ainda assim, inconformado. Os Poetas, sabemos, andam sempre nus, e a pele do corpo é o Poema.
Nunca falei com Manuel Alegre, nem sei se gostaria de o fazer. Assim, sem o conhecer ou falar com ele posso continuar apaixonada pelo Poeta que escreve as mais belas prosas, mas gostava só de perguntar-lhe o porquê da ausência de vírgulas no correr do Poema, isso gostava.
Poemas para o tempo que não há.

domingo, março 28, 2010

Se eu escrevesse canções escrevia assim...

Distância

Fomos anjos do espanto,
dos desejos contidos,
conhecemo-nos tanto,
com todos os sentidos.

Tatuamos a pele
com silêncios e vento
mas o sol foi cruel
acordou-nos do tempo.

E é tão longe
o lugar onde fomos,
tão longe
para onde partimos,
é tão longe
a distância a que estamos,
tão longe
quando nos despedimos.

E na memória dos dias
e na das noites perdidas,
temos tantas relíquias,
de distâncias vencidas.

Há tanto espaço entre nós
e tanto tempo vertido,
que duvido que os nós
cegos façam sentido.

E é tão longe
o lugar onde fomos,
tão longe
para onde partimos,
é tão longe
a distância a que estamos,
tão longe
quando não nos sentimos.

sexta-feira, março 26, 2010

O que resta nos escombros do silêncio

Serás, amanhã, notícia no jornal
e isso que importa,
não estarei lá para ler
de ti a folha morta,
já não te acompanho no silêncio
das portadas,
já de nós não há memória
ao descermos estas escadas

fomos rio impetuoso
que esbarrou sem liberdade,
na barragem construída
entre rugas de saudade,
fomos vento que passou
tão leve e ledo,
que o amanhã tornou-se um ontem

feito medo.
Fomos alma, fomos cor,
ou coisa breve,
e fomos morrendo os dois
cheios de neve
nos meandros da memória
que nos serve esta liquefeita
angústia que se bebe

domingo, março 21, 2010

Bom dia da Poesia

Creio em um só Poema,
de luz alva, evidente
e fria,
um Poema raso,
de rima sombria,
poema escape, poema sinfonia.

Creio em um só Poema,
de luzes fixas, presas
na cidade,
um Poema de água lisa,
de água forte,
Poema promessa de liberdade.

Creio em um só Poema,
poema coisa que ainda há-de vir,
poema rasgo, poema de vestir,
poema soneto, poema souvenir.


Creio em um só poema
…e nos teus olhos que só eu sei despir.

sábado, março 13, 2010

Eros & Thanatos

Eu também gostaria de contar aqui, neste blog, como foi o debate sobre "Eros & Thanatos - o Amor e a Morte na Poesia" - no qual tive o gosto de participar, com o Rui Almeida como interlocutor e com a Celeste Pereira a moderar...
Mas sobre o dito debate, que aconteceu no dia 12 no Clube Literário do Porto, diz a Celeste muito melhor do que eu no seu blog http://www.donagataempontodecruz.com/ querem ver? Ora vejam lá AQUI!