segunda-feira, setembro 16, 2013

Crónica de Segunda - Uma crónica de regressos

Reabro esta crónica de segunda, como habitualmente, à mesa do café de sempre, onde tento  encontrar o meu lugar.

Quando nos afastamos dos sítios de sempre, seja por força da actividade profissional ou por outro acaso qualquer, porque mudamos de terra, de horários ou apenas de hábitos, mesmo quando é temporário e o tempo nem é assim tanto – como quando vamos de férias e depois regressamos –  ao tornamos ao lugar de antes, temos sempre de reencontrar o espaço que é nosso.

O mesmo com as relações entre as pessoas, as pessoas que passam na nossa vida e, de repente, se afastam ou nos afastamos nós, se nos voltamos a reencontrar, seja em condições idênticas às de antes ou noutras diversas e talvez menos  esperadas – uma chamada telefónica, um encontro inesperado ao virar da esquina – de novo temos de nos reposicionar e perceber que o lugar que antes tínhamos pode já não ser o que agora nos compete.

Mutatis mutandi a vida não espera cristalizada as nossas mudanças de humor, se adormecemos, ao acordar, o mundo já não é bem o mesmo.

Vem tudo isto a propósito dos lugares, da importância do espaço, o real e o ilusório, o orgânico e o virtual, para o nosso equilíbrio interior.

Quando tornamos ao de sempre, a chamada rentrée, à francesa, voltamos com a boa disposição dos augúrios para o futuro, esperamos sempre que a rentrée seja um ponto de partida para algo melhor, mais vasto, mais além.

Assim sou eu, no meu café, escrevendo, auspiciando leitores novos, melhores poemas, melhores ideias e crónicas. Antevendo, porém, o Outono e com ele as folhas desalojadas das árvores, como às vezes nos regressos nos achamos desalojados do lugar que  tínhamos como nosso.

Que lugar nos restará agora? Que braços ainda nos abraçarão quando tornarmos? Onde foi que nos perdemos?

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